28 de jan. de 2014

Livro - José Luis Peixoto





Livro, do português e também inédito pra mim, José Luis Peixoto, me ronda desde o final de 2012 quando o vi pela primeira vez na livraria e fiquei encantada com sua capa, que me lembrou de imediato uma renda de bilro, depois um lindo azulejo português e depois que o li... me encantou ainda mais a capa, e todo o seu intricado azul. Também me recordo de ter visto o vídeo da Luara, no até então Isaac sabe, e agora Ao rés do chão, com ela falando sobre ele, mas confesso que pouco me ative à história, pois já o desejava.


E em seu Livro, o autor fala um tanto sobre a história da migração de portugueses para França em busca de melhores condições de vida, da passagem de uma sociedade rural a uma sociedade urbana, mas sobretudo de amor, amizade, solidão, abandono e recomeços. E apesar da experiência dos pais, que viveram esse movimento de evasão portuguesa para a França nos anos 60, ter tido um papel importante na escolha do mote o romance não é sobre a vivência e nem a descrição das experiências de sua família. E com relação ao título do romance, essa escolha se justifica em vários momentos ao longo do próprio romance.

Ilídio,um menino de 6 anos, ganha um livro da sua mãe pouco antes de ser abandonado por ela em uma fonte e acaba sendo criado por Josué [à pedido da mãe], um mestre de obras da vila e um dos personagens mais interessantes do romance. É nessa vila portuguesa, que o Ilídio passa sua infância e adolescência , dividindo suas incertezas e aventuras com outros amigos como Cosme e Galopim. Em certo momento, nas idas e vindas da trama no tempo, que não corre linear nessa primeira parte do romance, Ilídio conhece Adelaide, sobrinha da velha Lubélia, dona do armarinho e papelaria da vila que também faz as vezes de correio. Apaixonados, o casal troca juras de amor e beijos ardentes nas ruelas escondidas da vila. Mas, ao perceber os rumos que o romance da sobrinha está tomando, a velha Lubélia resolve interferir. Adelaide é obrigada a seguir para a França, com o livro que o amado lhe deu como prova de amor, e Ilídio resolve fazer o mesmo, ao saber da sua partida. E entre encontros e desencontros, aventuras vividas e uma contínua mudança na temporalidade do romance, Ilídio e Adelaide cedem à rotina da vida, à sua respectiva realidade e deixam suas vidas seguirem novos rumos. Mas o livro sempre está lá, os unindo, mesmo que na distância.

Nessa primeira parte a escrita do José Luis Peixoto se apresenta com uma sonoridade ímpar, é toda fragmentada, como já citei acima, mudando o foco entre os personagens o tempo todo, nos fazendo nos perder em algum ponto, para entendermos muito mais no ponto seguinte. Já a segunda parte...

Na segunda parte do romance, vemos muita coisa ser revelada, algumas surpresas boas, outras nem tanto, um narrador um tanto quanto mais sarcástico, mais intelectualóide, fazendo desse parte quase um compilado de autores clássicos e outros um tanto quanto desconhecidos. Longe de ser um romance difícil, é ao contrário, além de uma homenagem ao objeto que ainda une milhares de pessoas, sejam num amor romântico, pela amizade e ou simplesmente pelo amor ao livro.

Entregue-se ao Livro e mergulhe sem medo na elegância da escrita de José Luís Peixoto!!!



♥♥♥♥




Título: Livro
Autor: José Luis Peixoto
Páginas: 288
Ano de Lançamento: 2012
ISBN: 9788535920192
Editora: Companhia das Letras


9 comentários:

Michelle disse...

Resenha deliciosa, Paty!
Eu sempre penso em azulejo quando vejo essa capa. O livro já estava na minha listinha de querências desde que a Lua falou dele no blog. A vontade só aumentou agora (mas não vou comprar tão cedo! não vou comprar! não vou comprar!...rs)
beijo

Anônimo disse...

Parece ser uma estória realmente muito interessante Paty. Com aquela simplicidade que só a singularidade imprime. Pelo menos foi o que entendi. É assim, tão igual e tão única ao mesmo tempo! Eu gosto! Beijos ;-)

http://dedosinquietantes.blogspot.com.br disse...

Gostei muito Paty principalmente da primeira parte da estória. Parece ser bem interessante. ;-)
beijos;-)

Anônimo disse...

Oi, Paty!
Imaginei que a segunda parte tinha feito uma estrelinha escorregar, mas passado o susto eu consegui amar mesmo assim, li em 2012 e gostei muito e desconfio que gostarei ainda mais dos outros do autor. Beijo! =)

Anna disse...

Lua, eu adorei o livro, mas sim, a segunda parte me deixou com um certo estranhamento, mas gostei, tanto que ganhou o coração de favorito!! ;o)
E quero mais livros dele sim, muitos mais!!!

Xerinhos, lindeza!!

Anna disse...

Raquel, a história pode e de certa forma é simples sim, mas a forma como é contada é de uma elegância ímpar e pode confundir o leitor mais desavisado. rs Mas é imperdível!

Xerinhos, frô!

Anna disse...

MiG, eu li em e-book, e quero comprá-lo justamente pq ele vale muito e essa capa... aahh essa capa... rs Mas depois que a Pipa falou que no e-book se perde um bocado do grafismo, fiquei ainda mais curiosa, mas como vc, támbem não posso comprá-lo agora!! rs

Xerinhos, amada! ♥

Livros Incríveis disse...

Ah Paty, to louca pra ler o Zé (olha que intima) rs e esse parece ser lindo demais! Talvez eu comece por esse, mas tenho que ler esse autor! Adorei tua resenha, como sempre, vc faz com que desejemos o livro aqui e agora! Adoro isso. :)
um beijo e obrigada por dividir coisas tão lindas conosco!

Pipa disse...

Como não amar José Luís Peixoto? ***suspiros***
Ele é um dos três mosqueteiros do meu coração, já te falei, né? Encontrei com ele duas vezes quando ele esteve aqui, ouvi-lo contando histórias é ainda mais apaixonante.
Leia Cemitério de Pianos, Patty, você vai gostar.

beijo,

Pipa