"As pessoas compartilham os livros que amam. Elas querem espalhar para os amigos e familiares a sensação boa que sentiram ao ler o livro ou as idéias que encontraram nas páginas deles. Ao compartilhar um livro amado, um leitor está tentando compartilhar o mesmo entusiasmo, prazer, medo e ansiedade que experimentou ao ler. E porque mais o fariam? Compartilhar o amor pelos livros ou por um livro específico é uma boa coisa. Mas é também uma manobra arriscada para ambos os lados. Quem dá o livro não está exatamente expondo a alma para uma rápida olhada, mas quando o entrega com o comentário de que é um de seus preferidos, está muito próximo de expô-la. Somos aquilo que gostamos de ler e quando admitimos que adoramos um livro, admitimos que este livro representa verdadeiramente algum aspecto do nosso ser, seja o fato de sermos loucos por romance, ou por aventura, ou secretamente fascinados por crimes."
Desde criança sempre fui muito curiosa e ávida por saber. Não tinha pretensões de saber tudo, mas queria sim, como ainda quero, saber um pouco sobre tudo, ou quase tudo. Lembro-me que com 4 anos eu já arriscava algumas palavras, aos 5, alfabetizada, deixava minha mãe louca quando saia com ela à rua, pois queria ler tudo, parava à todo instante pra ler as placas de trânsito, propagandas pregadas nos muros, enfim, o que fosse combinações de letras eu queria ler!
Com o passar dos anos fui aprendendo que poderia fazer viagens muito mais interessantes do que as mudanças a que meu pai nos obrigava a fazer todo ano, devido ao seu trabalho. Nessas novas viagens eu tinha a certeza de que os amigos que faria ficariam comigo e que eu os poderia revisitar sempre que tivesse vontade. Tudo bem que alguns deixei no passado, outros nem mais me recordo e alguns, ah, como me fazem falta...
A leitura sempre foi, pra mim, algo muito mais que prazer, muito mais que lazer e diversão, ultrapassou o sentido de arte, abarcou a terapia e além de tábua de salvação, também foi minha madrinha, me levando a querer arriscar a me deixar traduzir em palavras.
Em O Ano da Leitura Mágica, Nina Sanckovitch faz um relato autobiográfico de como conseguiu superar a morte de sua irmã mais velha Anne Marie, que aos 46 anos descobre um câncer já em fase terminal. A princípio ela tenta superar a dor e a falta da irmã sendo o porto seguro de quem está a sua volta: seus pais, marido, irmã caçula, os 4 filhos e amigos. Mas depois de 3 anos se dá conta de que não consegue além de estar emocionalmente esgotada.
Então, depois de admitir pra si mesma que não conseguia viver plenamente a sua vida e nem a parte que caberia à Anne Marie, Nina resolve se voltar para uma paixão em comum com a irmã e o restante da família: os livros!
“Livros. Quanto mais eu pensava em parar e voltar a ser uma só pessoa sã, mais eu pensava nos livros. Eu pensava em fugas. Não correr para fugir, e sim ler para fugir.”
Entre as suas leituras muitas que não são nem de longe nossas conhecidas, no entanto há muitos autores e livros já editados no Brasil, como os lindos Mia Couto e José Eduardo Agualusa, kasuo Ishiguro, Stephenie Meyer, Tolstoi, Roberlo Bolaño, Camus, Saramago e muitos outros, muitos mesmo! O livro é recheado de citações e paralelos que a autora traça entre os livros e a sua própria vida.
É bem gostosa a leitura até metade do livro, depois fica um pouco cansativa, com seu teor mudando um pouco de foco, partindo mais pro cunho de auto-ajuda, e confesso que o fato dela ficar repetindo sempre o jargão de "ler um livro por dia durante um ano" me cansou um bocado! Mas a leitura é fácil e a gente se emociona com o claro amor que ela tem aos livros, a sua paixão em compartilhar com amigos e família, enfim, é um livro pra se ler, e pra ter onde buscar algumas inspirações, já que Nina nos deixa de presente, no final do livro, a sua lista de livros lidos no período de um ano! ;oD
♥♥♥
"Eu assumi o compromisso de passar um ano lendo por um motivo. Porque as palavras são testemunhas da vida: elas registram o que aconteceu e tornam tudo verdade. Palavras criam histórias que se transformam em histórias inesquecíveis. Histórias sobre as vidas relembradas nos levam para o passado ao mesmo tempo em que nos permitem seguirmos em frente."
Título Original: Tolstoy and the Purple Chair
Autora: Nina Sankovitch
Tradução de Paulo Polzonoff
Editora leya
230 páginas
Autora: Nina Sankovitch
Tradução de Paulo Polzonoff
Editora leya
230 páginas
4 comentários:
Oi, Patrícia.
No começo do ano, estava na livraria e vi esse livro, li a sinopse e fiquei ENCANTADA... Só não o trouxe porque descobri o preço, e na época ele não cabia em meu orçamento, ainda não cabe, então espero um dia achá-lo na biblioteca, hehe.
Quando eu aprendia ler, minha mãe também sofria comigo porque eu queria ler TUDO, aquelas propagandas distribuídas em lojas, eu voltava para casa com uma sacola cheia para ler e nossa, como era incrível descobrir uma palavra nova, lembro até hoje quando descobri que Tchau se escrevia assim, passei um bom tempo me questionando o motivo daquela palavra ter aquele som e ser escrita daquele jeito, meu primeiro grande mistério da infância.
Enfim, adorei conhecer um pouco mais de O Ano da Leitura Mágica e em breve, espero ter o prazer de me juntar a Nina nesse ano ;)
Beigos,
Maura - Blog da /mauraparvatis.
Ah, maura, essas nossas histórias de leituras são tão deliciosas, não é?
Eu espero que você consiga seguir direitinho o mesmo caminho da Nina e que nos conte tudo muito bem em suas ótimas resenhas! ;o)
Xêros, lindeza!
Paty
Patrícia, adorei o jeito que você escreve!
E concordo com o que vc disse nesse post. O livro realmente fica cansativo com o tom de auto ajuda, mas foi muito bom ler o relato de uma amante dos livros!
Beijos!
Nossa Patricia, tenho que fazer uma resenha desse livro... Aí li a sua resenha e vi que você tem uma mania que eu também tenho. O seu pensamento é mais rápido do que a sua escrita...
Exemplo... Que é sua louca? rsrsrs
Eu també faço isso...
Desde criança sempre fui muito curiosa e ávida por saber. Não tinha pretensões de saber tudo, mas queria sim, como ainda quero, saber um pouco sobre tudo, ou quase tudo. Lembro-me que com 4 anos eu já arriscava algumas palavras, aos 5, alfabetizada, deixava minha louca quando saia com ela à rua, pois queria ler tudo, parava à todo instante pra ler as placas de trânsito, propagandas pregadas nos muros, enfim, o que fosse combinações de letras eu queria ler!
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