19 de ago. de 2013

Resenha: Orgulho e Preconceito - Jane Austen





Falar que ler Jane Austen é um bálsamo para as minhas crises já é chover no molhado por aqui, bem como dizer que guardo suas obras para os momentos de carência de finais felizes, rs. E com Orgulho e Preconceito foi um pouco diferente; comecei a ler depois de ter sido muito motivada por algumas meninas do Grupo Vlogueiros e Blogueiros Literários Sensuais, mas diferentemente dos outros livros da Jane, a leitura desse não fluiu de cara, mas tudo por conta da minha edição, que é esta da Best Bolso e veio com muitos erros de português e de editoração. Mas a partir do momento que deixei de me aborrecer com os erros foi mais fácil penetrar nesse mundo que Jane Austen desnuda tão bem.


Como já foi dito por mim uma vez, toda a obra de Jane Austen se centra em aspectos cotidianos e aliados à vida real; é uma comédia de costumes, onde ironiza e critica a sociedade de costumes da época e ainda trazem uma mensagem instrutiva, sempre falando do bom comportamento. Seus personagens crescem e amadurecem ao longo da obra, adquirindo o que mais precisam, seja em termos morais e até mesmo materiais. No entanto, eu notei que em Orgulho e Preconceito há uma descrição psicológica extremamente bem feita das diversas personagens que dão vida à esse romance, e essa descrição não se ateve somente aos protagonistas, mas deu muito mais ânimo à cada um dos seus inúmeros personagens.

São poucas as pessoas a quem realmente amo, e menos ainda aquelas dais quais tenho uma boa opinião. Quanto mais conheço o mundo, mais fico descontente; e a cada dia se confirma minha crença na inconsistência de todos os caracteres humanos e na pouca confiança que pode ser depositada nas aparências do mérito ou do bom senso.”

O núcleo familiar dos Bennet é, na verdade, o mais eclético e recheado de personagens distintos entre si, uma verdadeira miscelânea de personalidades. Somos apresentadas a Srta. Elizabeth Bennet, também chamada de Lizzie, a segunda filha de um casal de fazendeiros e que tem mais 4 irmãs: a mais velha, Srta. Jane, e outras três mais novas. Elizabeth contraria o modelo das meigas e ingênuas heroínas  do gênero romântico. Ela é rebelde, desafiadora e determinada, no entanto tem a tendência de julgar as pessoas através da primeira impressão que tem das delas; além de não se derreter diante de algum pretendente, nem mesmo do nobre Mr. Darcy, a despeito da antipatia que surge, a princípio, entre os dois.

— Você prefere ler a jogar cartas? — disse ele. — Isso é muito curioso.
— Srta. Eliza Bennet. — disse a Srta. Bingley. — tem desprezo pelo baralho. É uma grande leitora e não sente prazer em mais nada.

Jane, a irmã mais velha, é conhecida por ser a mais bonita de todas, seu caráter contrasta com Elizabeth, pois é doce, reservada, sensível, e, tímida, o que faz com que muitas vezes não demonstra diretamente seus reais sentimentos. Não tem tendências maliciosas e prefere ver apenas o lado bom das pessoas. 

O Sr. e a Sra. Bennet dão ao romance várias cenas impagáveis, como o diálogo de abertura do romance, cheio de sarcasmos e ironias que nos levam a refletir. Ela é frívola, ansiosa, inadequada e pouco inteligente, é suscetível a chiliques e um tanto quanto vulgar e suas maneiras em público sempre causam algum tipo de constrangimento às filhas mais velhas. Já o Sr. Bennet  é culto, inteligente e não aprova a frivolidade da esposa e das 3 filhas mais novas. Tem um ótimo relacionamento com  Jane e Elizabeth, as quais parece preferir em comparação às outras filhas e à esposa. No entanto chega a ser omisso no que se refere a atuação direta na educação das filhas.

A vaidade e o orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinônimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho se relaciona mais com a opinião que temos de nós mesmos, e a vaidade, com o que desejaríamos que os outros pensassem de nós“.


E como deixar de falar de Fitzwilliam Darcy, que é o protagonista masculino e, de longe, o melhor dos protagonistas criados pela autora! Com 28 anos, solteiro, Darcy é o rico e cobiçado proprietário da famosa Pemberley, em Derbyshire. Bonito e inteligente, mas socialmente mais reservado, seu decoro e retidão morais são vistos por muitos como um excessivo orgulho devido ao seu status social. Causa sempre uma certa antipatia em estranhos, mas é muito valorizado pelos que o conhecem na intimidade.

A história de Darcy e Elizabeth, é marcada por uma trajetória de desavenças, preconceitos quanto à classe e posição social, já que ambos têm personalidades e comportamentos ligados ao orgulho, vaidade e presunção. No entanto  não conseguem esconder o quanto a presença de um causa um certo "desconforto" no outro. A relação entre os dois se desenvolve à medida que as muitas situações paralelas, inclusive algumas ligadas às irmãs de Elizabeth, se desenrolam.  

Em Orgulho e Preconceito, Jane Austen fala com desenvoltura e ousadia, para uma jovem casta da sua época, já que não tinha nem 21 anos quando escreveu o romance, sobre o amor, desejo reprimido, da energia  e sensualidade feminina. E tudo narrado com uma sutileza ímpar, pois não lemos sobre um beijo sequer e com relação ao caso de Lídia, uma das irmas mais nova de Elizabeth, toda essa sutileza fica ainda mais clara.

Orgulho e Preconceito, é mais um clássico atemporal de Jane Austen. Afinal, quem é que nunca se viu envolvido em questões como do casal que protagonizam o romance? Quem nunca se deixou levar pelas primeiras impressões, julgando precipitadamente as atitudes alheias e se arrependeu de ter agido dessa maneira? 




♥♥♥♥♥




Título: Orgulho e Preconceito
Autor(a): Jane Austen
Editora: Bestbolso
Ano: 2010
Páginas: 392


2 comentários:

Michelle Henriques disse...

Pati e seus textos maravilhosos!
Eu li esse livro quando estava no primeiro ano de faculdade, mas não me lembro de ter gostado muito.
Pretendo reler, afinal, certos livros devem ser lidos em épocas específicas da vida. Talvez seja agora!
Mil beijos!

Anônimo disse...

Patrícia, adorei suas impressões! Verdade, os livros da Jane Austen acalentam o coração. Não importa o estado de espírito, sempre será uma leitura agradável ^_^ Caso você faça uma releitura, recomendo a edição da L&PM. Não entendo de tradução, mas achei a tradução da Celina Portocarrero excelente e fluida. Além disso, tem uma fantástica ‘Introdução’ do Ivo Barroso (tradutor de “Emma”).
“Orgulho e Preconceito” é amor <3
Beijos!