"Os dias deslizam como se fossem líquidos. Não tenho mais cadernos onde escrever. Também não tenho mais canetas. Escrevo nas paredes, com pedaços de carvão, versos sucintos. Poupo na comida, na água, no fogo e nos adjetivos"
Há cerca de um ano ouvi o nome Agualusa pela primeira vez, e por ele só, mesmo isolado do José Eduardo, me encantei. Li uma resenha da Juliana Gervason [sim mais uma vez ela! ;o)] sobre o livro Teoria Geral do Esquecimento e por si só bastou para eu ficar ensandecida atrás. Não tinha sido ainda lançado no Brasil, mas assim como a Juliana, depois de um bom tempo, consegui a cópia digital e aí começou o meu sofrer.
Sem e-reader, a minha única opção era lê-lo no notebook, mas, apesar dos meus esforços, não rolou! Extremamente desconfortável, eu não consegui me concentrar e achei melhor para para não desmerecer a obra, o autor e a mim. Mas qual não foi a minha surpresa ao saber que o livro já tinha chegado à nossa terrinha tupiniquim! Saí correndo atrás e bingo, fiz meu pedido pela Saraiva Online... Depois de mais de 10 dias sem o meu pedido ser ao menos faturado e eu já completamente desiludida, cancelei a compra e procurei me resignar, ao menos por mais um tempo. Tentei acreditar que realmente não era a hora ler o já tão querido "TGE".
No entanto, a primeira coisa que fiz depois que adquiri o Kobo, foi pegar o bichinho para ler, finalmente, Teoria Geral do Esquecimento! E como foi perfeito! Tentei prolongar ao máximo a leitura, mas ele é tão bom e tão fininho que, mesmo com todos os meus esforços, chegou ao fim. Fiquei abraçada ao kobo, meio que sorrindo e chorando por algum tempo e uma sensação tão boa no coração! ♥
Concebido primeiramente como roteiro para um filme, e só depois que o projeto não seguiu adiante é que o autor resolveu desenvolvê-lo como romance; TGE é uma ficção com um contexto histórico real, justamente pelo fato de que Agualusa se aproveita da existência dos diários de Ludo, que sim, era real, narrando os 28 anos de seu enclausuramento, como mote para o romance; no entanto, ele mesmo alerta para o fato de que tudo o mais no livro é ficção.
E o romance é, assim, tecido pelas hábeis mãos de Agualusa pelos caminhos da imaginação, da vida real e da vida coletiva de Angola, desde a independência até os dias de hoje.,
Dentre tudo o que posso dizer sobre TGE, é que é um livro que fala sobre memória e esquecimento, sobre pessoas que foram esquecidas e outras que desejam arduamente serem esquecidas, e ainda da reconstrução de si mesmo.
Há vários outros personagens e aventuras no livro, que são aparentemente díspares mas que vão se conectando à história com uma exatidão incrível! E o melhor é que em Teoria Geral do Esquecimento não cabe, por mais que se queira pensar nele, o discurso maniqueísta. O autor trata de pessoas e suas complexidades, ainda mais numa fase de turbulências políticas e violências sociais. Já não importa quem são os bons e os maus, quem vai ou não para o inferno, no final, são todas pessoas...
A escrita de José Eduardo Agualusa não é poética, no entanto nos enlaça com suavidade, nos entregamos às suas palavras com puro deleite, porque é o que recebemos dele, mesmo diante de cenas fortes, ele sabe nos conduzir com doçura!
♥♥♥♥♥
Mas no Brasil ele foi editado pela Editora Foz:
E se quiser saber um pouco mais sobre esse autor incrível, leia a entrevista que ele deu à Juliana lá n'O batom de Clarice, simplesmente imperdível!
2 comentários:
Caramba, eu senti aquela pontado para ler o livro pela capa Portuguesa, agora então sabendo um pouco mais da história definitivamente vai para minha lista de "vou ler" :D
Abraços
Leia sim, filipe, você vai adorar, um excelente livro! :)
Bom te ler por aqui, volte sempre!
Xêros
Paty
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