4 de dez. de 2012

Resenha: Talvez uma história de amor - Martin Page



Locatário de um pequeno apartamento num bairro parisiense de prostituição e drogas, Virgile é um celibatário de costumes rígidos, tendência monomaníaca e aversão a vida social ativa. É ele o protagonista de Talvez uma história de amor, de Martin Page, um anti-herói, que deixa comida apodrecer na geladeira, enxerga no escuro com a luz de um capacete de espeleologista, rejeita a promoção que lhe oferecem na agência de propaganda onde trabalha e é sempre abandonado pelas mulheres que ama, “uma certeza maior que a gravidade.”

Certo dia, de volta à casa após o trabalho, encontra na secretária eletrônica uma mensagem de Clara, que lhe anuncia o rompimento do namoro. Não haveria surpresa nisso, não fosse o fato de ele não ter qualquer lembrança de nenhuma Clara que tenha sido sua namorada. Recorrendo até a sua psicanalista, na busca por uma explicação satisfatória, acabará por tomar uma decisão inaudita: reconquistar aquela mulher que ele não conhece ou da qual ao menos não se recorda.

Nessa comédia romântica, surpresas e reviravoltas se combinam para permitir a Martin Page as reflexões sobre o amor e a vida que são pano de fundo de uma fábula repleta de vivacidade e fino humor. Tudo em sua narrativa, desde as cebolas que preparam na frigideira até os personagens mais elaborados, tem uma identidade própria e um papel essencial numa Paris ao mesmo tempo acolhedora e devoradora de seus habitantes e suas mais íntimas esperanças.



A primeira vez que li alguma coisa sobre Martin Page foi no blog da Juliana Gervason, O batom de Clarice. E mesmo ela não tendo gostado muito desse livro, fiquei bastante curiosa, já que a sinopse me chamou muito a atenção, além da capa do livro que achei fofa e extremamente femina.
E gostei bastante do que li! A forma como Martim page escreve me pareceu bem consistente, com uma argumentação conceitual, mas bem leve, acessível ao leitor que se dispõe a ir além de quantos forem os tons de alguma cor!
O leitor mais desavisado pode cair no erro de interpretar erroneamente a orelha do livro, onde se encontra a classificação do mesmo como comédia romântica; já que foge ao estereótipo das comédias hollywoodianas.
No entanto a sua narrativa é carregada de ironia com relação às relações amorosas e a banalidade das  convenções sociais modernas.

Virgile, o protagonista é um anti-herói que não se apega a nada de forma substancial, que trabalha simplesmente pra se manter, não acredita no que faz e seus relacionamentos são sempre clandestinos e sempre fadados ao fracasso. É a partir da ligação de Clara, que ele não se lembra de ter sequer conhecido, que sua vida começa a virar de cabeça pra baixo. A sua rotina se altera a tal ponto que tudo que estava, aparentemente, em ordem, passa, num piscar de olhos, à desordem.

Suas amigas mais íntimas, em um primeiro momento, o ajudam a  segurar a barra, no entanto Virgile fica obcecado em descobrir quem é essa Clara, no entanto é somente no fim do livro que se conhece a solução dada por Page. Ele preenche o livro com reflexões acerca da falta de humanidade e da banalidade desse nosso mundo contemporâneo, e nos faz entender que as pessoas estão cada vez mais inaptas a viverem em sociedade.

Essa pode não ser a melhor obra do autor, como vi em algumas resenhas, mas com certeza é um livro que me deixou bastante impressionada com a escrita e argumentação do autor e muito interessada em ler suas outras obras.



Livro: TALVEZ UMA HISTÓRIA DE AMOR
Autor: Martin Page
Tradução:Bernardo Ajzenberg
Páginas:160
Formato : 14x21

Um comentário:

Unknown disse...

A capa e o título desse livro sempre me atraiu, tenho o marcador de páginas dele e sempre utilizo nas minhas leituras. Eu pretendo ler.

Bom fim de semana.
M
www.mikaelly-andrade.blogspot.com