11 de out. de 2012

Resenha: A História do Amor - Nicole Krauss


"Neste romance, um jovem judeu polonês escreve um livro sobre o amor e a existência, mas é obrigado a deixá-lo para trás, junto com a paixão que o inspirou, quando a Polônia é tomada pelos nazistas. Décadas depois, o livro reaparece para unir personagens muito diferentes - Leo Gursky, um imigrante em Nova York; Litvinoff, um professor no Chile; Alma Singer, a filha de uma tradutora literária; Isaac Moritz, escritor americano. Em diferentes vozes, cada uma com seu ritmo e sintaxe, 'A história do amor' gira entre ritos de iniciação e acaso."



A cerca de  uns 3 anos, ouvi falar em Nicole Krauss e fiquei muito curiosa para "lê-la". No entanto, muita coisa aconteceu de lá pra cá e acabei me distanciando dela, mas não a excluí da minha memória. E em julho, antes de sair de férias, A História do Amor foi um dos meus presentes pra mim mesma! E em nada a  sua escrita  me decepcionou, ao contrário, fiquei encantadíssima!

Nicole Krauss, tem uma prosa envolvente, e bem como seu marido, o também escritor Jonathan Safran Foer autor de Extremamente Alto e Incrivelmente Perto,  narra, simultaneamente, várias trajetórias que se intercalam umas às outras à medida que a história evolui, tudo com uma destreza ímpar. No caso de A História do Amor, são três vozes que prevalecerão, sendo que uma delas é mais como um ser onisciente que narra, de longe, a vida do outro.

Essas três trajetórias estão, direta e ou indiretamente, ligadas por um livro, chamado A História do Amor. Ele foi escrito por um jovem judeu polonês, de vinte anos de idade, como forma de declaração de amor à mulher da sua vida, no entanto, ele precisou deixar a Polônia às pressas, devido a invasão nazista ao país, deixando pra trás o manuscrito.

A trama é uma "ode à sobrevivência", e estende-se por um período de mais de 60 anos, abrangendo da Europa  ocupada pelos nazistas, passando pelo Chile, até os dias atuais nos Estados Unidos. Nas linhas e entrelinhas de A História do Amor há uma busca profunda para se escapar à solidão, bem como o esforço no sentido de descobrir o fim da dor causada pela perda de um grande amor.

É Leo Gursky, 60 anos mais velho, quem inicia o romance. Solitário,  passa o último estágio da sua vida com medo de que ninguém irá notar quando ele morrer. E faz da sua amizade com Bruno, outro exilado, uma defesa contra a solidão.
Seguindo adiante, nos deparamos com a narrativa de Alma Singer, uma jovem de 14 anos, curiosa e corajosa que oscila entre querer preservar a memória de seu pai morto e encontrar uma forma de levantar a  mãe, uma tradutora,  que, por mais que tenha dado continuidade à vida, continua em depressão. 
E na sequência, a terceira voz narrativa do livro, não é bem a de um personagem, entendi mais como um narrador onisciente, o que tudo sabe e pouco, ou nada, interfere na trama. Sua função é a de falar sobre Zvi Litvinoff , um professor no Chile ,e de, aos poucos, esclarecer um mistério acerca do manuscrito de A História do Amor.

Toda a trama se desenrola, basicamente,  entre essas três vozes que têm uma dinâmica,  poesia e grau de dor próprios. No início,  Nicole nos apresenta e fala um pouco mais sobre as personagens. É  através do entrelaçamento dessas histórias que vamos, como num quebra-cabeças, desvendando o mistério que nos levará a um final que, definitivamente, é emocionante!

A História do Amor é um livro impressionante, profundo, cheio de suspense e muito bem escrito. E  me deixou numa posição complicada, porque me  fogem as palavras para falar dele sem cair em  uma prolixidade emotiva. É um romance complexo e ao mesmo simples, impossível de se esquecer e de não ler!


"Para tudo o seu tempo[...] Solidão: não há órgão que possa suportá-la inteira"



Título original
THE HISTORY OF LOVE
Tradução
Paulo Schiller
Páginas
320
Selo
Companhia das Letras

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