1 de jun. de 2009

Madurare



Observo a cidade enquanto desliza a madrugada em ondulante e macia primavera. Gosto de sentir na ponta dos dedos a brisa morna, crespa e doce. Cravo da Índia, canela, noz-moscada, curry. No cheiro e no gosto. O gosto é impreciso, ininteligível e eu curo o ardor mastigando você. Uma afável simbiose se instala entre seus lábios e o resto do meu corpo quando você me faz cócegas. É bom de sentir e ficar quieta, num sorriso bobo, enquanto os olhos respondem quando você pergunta por que eu gosto dos seus dentes em minha carne. Não é bem o claro que me atrai. Gosto é das marcas que teu corpo grava no meu nessas noites de flores e cheiros. Prefiro o olhar que vaga entre o lascivo e o pueril que se seguem a essas marcas. Não, não me canso, já que com você a exaustão chega a me escapar. Corre por escadarias de azulejos portugueses, nobres, restaurados. Retalho de fina seda cobrindo a pele em contraste negro escorregadio. Texturas repetidas por voltas dos dedos. Gosto do teu beijo guardado na língua que arde... Já é dia agora, o sol acorda de manso. Já passa da hora, amor! Durmamos.



Patrícia Gomes
Imagem: Jim Doberman

2 comentários:

Su disse...

Aiiii....
Noites infinitas....
Como sempre, de mestre!!!!!!
Fiz um videozinho, passa no blog para vc ver e opinar!!!
Bjossssssssssssssss

F. Reoli disse...

Hummmmm... sensações e saudades