5 de mar. de 2013

Faxina no fim do verão...


Mais uma vez eu vou 
vasculhar meus armários
Retirar as traças, 
desembaraçar-me das teias 
que aranhas lentas teceram... 
Vasculhar cada gaveta 
e, por mais escondidos 
que estejam, vou me 
livrar de alguns ressentimentos... 
Quero forrar meus travesseiros 
com flores e folhas de cheiros... 
Quero a primavera em meus sonhos! 
Deixar cair as folhas de mágoas 
que não cabem mais 
em meus outonos... 
Em minha cama deposito 
o calor do verão, 
que cobre minha pele fina e translúcida 
com o véu do teu sol noturno. 
Embriagar-me de nuvens pesadas 
perdendo-me em invernos puros, 
onde me procuro e, 
sempre que me encontro, 
vibro com a harmonia 
que grita no vento! 
Liberto a cigarra aflita 
que habita nos cantos do quarto. 
Nele não há mais esperanças que, 
teimosamente, se escondem embaixo da cama! 
Elas agora pulam por todo 
o amplo cômodo... 
Não sou mais a Lagarta listrada 
que em todo Bandeira 
só dava bandeira... 
Não há pupa ou casulo, que 
me possa deter,
Cresci... 
Sinto as asas mais fortes,
E mesmo nesse quarto 
aparentemente em desordem, 
sorrio, volteio, 
aproveito minhas estações e adormeço... 
Quando acordar for preciso 
o farei sem medo 
pois estará terminada a faxina; 
e não sobrará mais nada 
fora do lugar, 
nem ao menos uma 
nova emoção!!! 



Patrícia Di Carlo


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