Mais uma vez eu vou
vasculhar meus armários
Retirar as traças,
desembaraçar-me das teias
que aranhas lentas teceram...
Vasculhar cada gaveta
e, por mais escondidos
que estejam, vou me
livrar de alguns ressentimentos...
Quero forrar meus travesseiros
com flores e folhas de cheiros...
Quero a primavera em meus sonhos!
Deixar cair as folhas de mágoas
que não cabem mais
em meus outonos...
Em minha cama deposito
o calor do verão,
que cobre minha pele fina e translúcida
com o véu do teu sol noturno.
Embriagar-me de nuvens pesadas
perdendo-me em invernos puros,
onde me procuro e,
sempre que me encontro,
vibro com a harmonia
que grita no vento!
Liberto a cigarra aflita
que habita nos cantos do quarto.
Nele não há mais esperanças que,
teimosamente, se escondem embaixo da cama!
Elas agora pulam por todo
o amplo cômodo...
Não sou mais a Lagarta listrada
que em todo Bandeira
só dava bandeira...
Não há pupa ou casulo, que
me possa deter,
Cresci...
Sinto as asas mais fortes,
E mesmo nesse quarto
aparentemente em desordem,
sorrio, volteio,
aproveito minhas estações e adormeço...
Quando acordar for preciso
o farei sem medo
pois estará terminada a faxina;
e não sobrará mais nada
fora do lugar,
nem ao menos uma
nova emoção!!!
Patrícia Di Carlo
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