31 de out. de 2012

Eu Poético - Engendro



ENGENDRO

Desajeitada, pisei em falso no
Calcanhar do teu passo em sombra e
Banhei-me em águas jorradas
Do chafariz de teus olhos vivos

Bebi, sedenta de eterna sede,
O teu leite desejo e engendrei a aurora
Do teu gozo enquanto, no cerrar da pálpebra,
Fez-se noite de raras estrelas

Esquecida em teu corpo vespertino
Perverti-me os lábios em suadas
Juras infligidas aos saltos
Do coração que batia quase sem ar

O cheiro úmido e nítido do teu peso
Sobre o meu sublima a combustão
Fresca de nuvem crepuscular que lateja
Em conceito meu ventre

Na véspera de um talvez, entre as frestas
Do meu piscar e teu sorriso, rompo,
Num frêmito, o gasoso adeus e no vão
Dos meus braços te guardo em vermelho beijo!




Patrícia Di Carlo
Imagem: Desconheço a autoria.



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