ENGENDRO
Desajeitada, pisei em falso no
Calcanhar do teu passo em sombra e
Banhei-me em águas jorradas
Do chafariz de teus olhos vivos
Bebi, sedenta de eterna sede,
O teu leite desejo e engendrei a aurora
Do teu gozo enquanto, no cerrar da pálpebra,
Fez-se noite de raras estrelas
Esquecida em teu corpo vespertino
Perverti-me os lábios em suadas
Juras infligidas aos saltos
Do coração que batia quase sem ar
O cheiro úmido e nítido do teu peso
Sobre o meu sublima a combustão
Fresca de nuvem crepuscular que lateja
Em conceito meu ventre
Na véspera de um talvez, entre as frestas
Do meu piscar e teu sorriso, rompo,
Num frêmito, o gasoso adeus e no vão
Dos meus braços te guardo em vermelho beijo!
Patrícia Di Carlo
Imagem: Desconheço a autoria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário