25 de jul. de 2010

Lembrança Vulgar




Com desparatado andar
cambaleei no fio bambo da corda vida,
enquanto pássaros cantarolavam meus
desafinados ais.

A noite devora os dias
vasculhando as sombras
entendo que a saudade nasce
depois do adeus

Procuro pelas cores que só nascem no escuro e
pressinto os beijos que eram meus em outros
lábios já úmidos e a saliva
brilha no céu de boca outra.

Antigamente era eu a musa invulgar
a deitar-me nua, sem mesuras,
pintada de alguma cor entre a luxúria e
a submissão, e agora meu gozo

se veste de vestígio,
bruma e
procura um resto de amor
nas dobras do tempo.



Patrícia Di carlo
Imagem: by ~roxanneross

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