17 de out. de 2008

MOURO





Frente à solidão da natureza morta
De tintas lúgubres na clara tela
Posto-me fantasma oculta
Em lápides eréteis de cemitérios rotos.

Nem mesmo o frio agora me conforta:
Na carne, o corte da navalha
De incisivo fio, vermelho-sangue verte

Vejo-te cego,
Andarilho em meus desérticos
Oásis de tamareiras
Mortas à margem seca.


Choro, loura, o descaso
Mouro desse Othelo emortalhado.



Patrícia Gomes
Imagem: Eric Goha

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