Frente à solidão da natureza morta
De tintas lúgubres na clara tela
Posto-me fantasma oculta
Em lápides eréteis de cemitérios rotos.
Nem mesmo o frio agora me conforta:
Na carne, o corte da navalha
De incisivo fio, vermelho-sangue verte
Vejo-te cego,
Andarilho em meus desérticos
Oásis de tamareiras
Mortas à margem seca.
Choro, loura, o descaso
Mouro desse Othelo emortalhado.
Patrícia Gomes
Imagem: Eric Goha
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