17 de out. de 2008

Creia-me




Sou aérea, meio etérea
vivo imersa em mundos
que invento, onde danço
sem nexo, solta
como sacerdotisa casta
dos templos de Hera!

Sou matriz de
Seios fartos
prontos a nutrir o mundo.
Sou matrona portuguesa,
corpo de língua italiana
onde cada gesto fala mais
que a boca úmida.

Tenho pernas de amazonas
Valkírias que vão livres
por onde querem ir.
Mas que sempre voltam
pois querem a grama
que fica perdida em
cada rastro que deixei.

Tenho olhos que vejo
estranhos, mas que acredito
quando dizem que são
misteriosos, claros,
calmos e lindos.
Mas tenho certeza de que são
translúcidos, pois neles
abrigo-me inteira.

Estou carvalho ancestral: raízes
profundas cravadas na terra.
Deixo meus galhos balouçarem-se
aos ventos que me beijam.
Mas espero o vendaval que me
arrancará de toda firmeza,
e me espalhará, como folhas
no vasto outono.

Sou água mansa
que corre tranqüila, e se
delicia com os pingos das
chuvas em minha superfície.
Moldo-me aos caminhos que
percorro, mas nunca me perco,
mesmo quando desviam
meu curso e leito.

Chegarei ao destino
que me deleguei,
chegarei de manso
mesmo que o mar,
neste dia,
esteja bravio...




Patrícia Gomes
Fotografia: Jean Carlo (Simbioze)




Ps: republicando depois de umas mudanças na estrutura e outras poucas no texto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Hummm, serei o primeiro a comentar hehehehehehe

Te amo